2022 pode representar um "salto quântico" no desenvolvimento das relações russo-brasileiras

2022 pode representar um "salto quântico" no desenvolvimento das relações russo-brasileiras

Um encontro entre os Presidentes Vladimir Putin e Jair Bolsonaro em Março pode alavancar negócios entre os dois países

O nosso convidado do Projeto Perspectivas 2022 desta quarta-feira (12) é o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, Gilberto Ramos. Há muita harmonia na relação entre os dois países, que fazem parte do Grupo dos BRICS, ao lado de Índia, China e África do Sul. Os dois têm necessidades semelhantes. De um lado, a Rússia busca a agropecuária brasileira e o Brasil, por sua vez, está de olho nas tecnologias russas. Hoje, a Rússia é a nossa maior fornecedora de radiosótopos, base da produção dos produtos usados na medicina nuclear brasileira. A relação entre o Presidente Vladimir Putin e o Presidente Bolsonaro é considerada muito harmoniosa. Para março, está sendo esperada uma visita do Presidente brasileiro à Rússia, com negociações bilaterais entre os dois países. Vamos saber então os pensamentos do Presidente da Câmara, Gilberto Ramos, profissional respeitado pelo mercado e pelo Itamaraty:

– Como foi o ano de 2021 para a Câmara de Comércio Brasil-Rússia?

– Um marco para o ano de 2021 foi a energia. Sabemos que o setor é fundamental para o crescimento do nosso país. Algo muito importante que fizemos na câmara, e que está sendo visto como um movimento estratégico para as empresas e os conglomerados, está relacionado às usinas híbridas. Esta também é a visão do Ministro Bento Albuquerque, que considerou assim quando se falava em escassez de chuva.

O nosso Primeiro Vice-Presidente, Júlio Moreira, é coordenador do nosso setor de infraestrutura e energia. Nós temos também um coordenador do Grupo Agropecuário, o Antônio Mello Alvarenga, Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura. Temos trabalhado muito para a economia verde, focados nas questões de crédito de carbono, formando links com as empresas russas e globais especializadas. As grandes estatais já estão orientadas para isso, inclusive a própria Gazprom e a Rosatom. Temos trabalhado com grande sinergia, dando suporte e levando informações.

O terceiro grupo é de Suporte Legal, coordenado pela nossa associada, a Kincaid | Mendes Vianna Advogados. A Camila Mendes Vianna é a Coordenadora deste, Sócia Titular da banca, que também tem muita atuação no setor de óleo e gás, e no Direito Marítimo. Nós criamos estes grupos que têm se reunido pelo menos a cada dois meses. Esse trabalho é de muita relevância para o fomento das relações bilaterais Brasil-Rússia, ajudando o Brasil a alcançar suas metas de crescimento.

– Como a Câmara Brasil Rússia acompanha o desenvolvimentos de novos negócios no Brasil?

– Eu já fiz referências ao trabalho dos ministros Bento Albuquerque e do Ministro Tarcísio, principalmente para a questão logística. Agora, chamo a atenção para o fato de que, nos últimos 60 dias, quatro ministros de Estado estiveram em Moscou. O ministro Bento esteve com as principais empresas na abertura do evento Russian Energy Week. Logo após esteve o Ministro Tarcísio Freitas, muito focado nas questões ferroviárias, portos e atração de investimentos. Depois, foi a vez da Ministra Tereza Cristina, falando com o setor veterinário, com as autoridades do governo do setor agropecuário, e por fim, o Ministro Carlos França, que levou um convite e trouxe um convite para a visita do Presidente Bolsonaro, que deverá ocorrer no final de março.

Da nossa parte, da Câmara Brasil-Rússia, que existe há décadas, estamos trabalhando, procurando estar próximos e trabalhar com o Itamaraty, com o próprio Palácio do Planalto, no sentido de fazermos valer a maior densidade possível à esta visita. Por outro lado, nossos webinars vão continuar. Já agora no início do ano, temos esses encontros programados com a Rosatom, uma estatal de energia nuclear.

Temos a nossa parceira, a Roscongress, que é a maior empresa de eventos da Rússia, principalmente focados na participação brasileira que estamos coordenando no Fórum Econômico Internacional de São Petesburgo, que ocorrerá entre os dias 15 e 18 de junho. Poderá ser realizado um painel Rússia-Brasil, com alguns desses segmentos focados no setor de infraestrutura, em parceria que temos com a ABDIB, com destaque para a indústria de base, agropecuária e o setor de fertilizantes. É uma pauta econômica bilateral bastante densa. Agora, o grande salto quântico se dará a partir dos investimentos da Rússia no setor de infraestrutura no Brasil.

Esta sinalização clara e inequívoca vem sendo dada com estas quatro visitas dos quatro ministros de Estado, e com o convite do Presidente Putin ao Presidente Bolsonaro, para que visite a Rússia, já aceito. A data certa ainda não está marcada. Estamos imaginando que possa acontecer na primeira ou segunda semana de março.

Da parte da Câmara, que fomenta as relações bilaterais, nós cumprimos um papel de relevância, e temos também assento cativo na seção brasileira do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, dispositivo de relevância na nessa relação entre nossos dois grandes países. Portanto, as perspectivas para este ano são positivas, principalmente considerando a importância dessas duas nações no cenário econômico, e também no geopolítico. Apesar de todas as dificuldades nesses últimos dois anos, estamos trabalhando, reinventando-nos, e buscando alternativas para o enriquecimento do nosso povo, do nosso país.

– E quais as perspectivas de negócios entre os dois países para o corrente ano?

– O ano de 2022, é um ano de eleições e vejo que, naturalmente, muitas obras devem ser tocadas para este período. Para mim, as quatro pastas fundamentais para este período serão as de Relações Exteriores, do Ministro França, um diplomata de excelência, um ótimo Embaixador, e vem demonstrando isso, na minha visão. Além disso, a Ministra Tereza Cristina e os Ministros Tarcísio Freitas e Bento Albuquerque fazem gestões de alta performance, em que se pesem os problemas sócio-econômicos que vemos no mundo inteiro, e também no Brasil.

Sobre a perspectiva de crescimento para a Câmara Brasil-Rússia, eu posso lhe dizer, que no ano de 2021, como o ano de 2020, nós tivemos que nos reinventar, e efetivamente houve muitos avanços em termos de atividades da Câmara, como o Seminário sobre as oportunidades do gás natural, em junho, com a participação da Apex-Brasil e da Zarubezhneft – uma estatal russa do setor de óleo e gás que trabalha com o mercado internacional. Foi o primeiro evento de porte no qual redimensionamos os comitês setoriais, criando os chamados atualmente como Grupos Executivos de Trabalho em três áreas principais.