Câmara de Comércio da Rússia espera 'boa química' entre Bolsonaro e Putin

Câmara de Comércio da Rússia espera 'boa química' entre Bolsonaro e Putin

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia disse à Sputnik nesta quarta-feira que espera uma ‘boa química’ entre Bolsonaro e Putin, e que os produtores brasileiros deveriam aproveitar o vácuo de fornecedores europeus na economia russa.

O Congresso Mundial das Câmaras de Comércio, que está sendo realizado entre os dias 12 e 14 no Rio de Janeiro, reuniu dezenas de representantes comerciais e investidores de todo o mundo. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, Sergei Karyrin, em uma conversa exclusiva com a Sputnik Brasil, aproveitou para elogiar os laços entre Moscou e Brasília e anunciou oportunidades.

“O Brasil pode aproveitar e já aproveita parcialmente o fato da Rússia enfrentar sanções”, disse o russo.

“Hoje exite espaço para produtores agrícolas. Em primeiro lugar, há alimentos que não produzimos e o Brasil poderia atuar bem nesse nicho. Por outro lado, diminuiu a concorrência em termos de produtos que a Europa não fornece mais [em função das sanções]”, acrescentou, citando carne e processados como uma opção tradicional e amplamente viável.

Segundo Katyrin, um dia as sanções devem acabar, mas quem já ocupar certos espaços “vai ter vantagem competitiva”.

O Congresso Mundial das Câmaras de Comércio foi inaugurado na manhã desta quarta-feira, com discursos do prefeito do Rio de Janeiro e o governador do estado, Marcelo Crivella e Wilson Witzel. Eles anunciaram planos de privatizações, pediram investimento em infraestrutura e declararam que a indústria de petróleo trará mais de 250 bilhões de reais em investimentos nos próximos anos.
Para Katyrin, apesar do Brasil e da Rússia competirem em algumas àreas e alguns produtos, como petróleo e aviação civil, a “Embraer participa de forma ampla do mercado russo”.

“Poderíamos trabalhar com Embraer na área de voos domésticos”, disse Katyrin, lembrando que essa área é um desafio para todos os países do BRICS.

“Quanto na indústria de petróleo, o Brasil certamente poderia exportar a sua experiência de trabalho e exploração off-shore”, pois possui expertise reconhecida no assunto, afirmou o entrevistado. “Temos o que compartilhar”.
Para tanto, acrescentou, “o principal é a vontade”. E não só dos empresários, mas também das autoridades.

“Não é segredo para ninguém que quando existe um alto nível de relacionamento político, os empresários tentam corresponder à altura, fazem contatos, fazem projetos, apresentam convites”, disse o interlocutor da Sputnik.

“Por isso é importante, na minha opinião, que aconteça uma ‘química’ entre o novo presidente brasileiro e o nosso presidente. O encontro deles deve ocorrer em Tóquio, durante o G20. Esperamos todos que corra tudo bem”, declarou Katyrin.

O presidente da Câmara de Comércio da Rússia lembrou que a cúpula do BRICS será realizada no Brasil este ano e acredita esta ser também uma boa oportunidade para estreitar os laços e avançar politicamente. O alto funcionário, além de dirigir a Câmara, preside o Conselho Empresarial do BRICS e garantiu novidades em novembro.

“Temos nove grupos de trabalho conduzindo um esforço muito sério em diversos vetores”, alertou.

Serguei Katyrin não está no Brasil pela primeira vez, mas destacou a importância pessoal desta viagem específica pois Moscou se candidatou para realizar o Congresso Mundial das Câmaras de Comércio de 2023.

“Estamos nós dedicando muito para sediar o evento. E aqui é o início dessa luta. Montamos esse grande stand com a cidade de Moscou e vamos tentar convencer a todos de que esse é o melhor lugar para realizar o congresso”, concluiu.

Fonte: Sputnik