“O ataque a um membro da Aliança da OTAN deve ser respondido de imediato” (Jens Stoltenberg, Secretário-Geral da OTAN)
Ouvi essa incongruência na manhã deste dia 24 de fevereiro no pronunciamento do Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, após a mobilização de tropas russas para defenderem o contingente da população de mais de 90% de predominância russa na região de Donbas, após os ataques sofridos nos últimos dias por tropas ucranianas, que provocaram a fuga de milhares de moradores locais para a Rússia.
Stoltenberg enfatiza que “a Rússia tinha planos de invasão, já era premeditada”, algo injustificável, pois prejudicaria a si própria. E acrescenta que “a Europa deve ser defendida”.
A pergunta que não quer calar: desde quando a Ucrânia é membro da OTAN…? Perdoem-me a ênfase, só uma mente imbecilizada e suscetível à manipulação midiática acreditaria que a Rússia teria qualquer interesse de “invadir a Europa”, conforme também induz Ursula von der Leyen, Presidente da União Europeia, em seu pronunciamento de hoje. Ela ainda brindou a todos com uma pérola, quando afirmou que “poderia ajudar a Europa com eventuais retaliações de Moscou com cortes do fornecimento de gás, ainda que seja difícil”. Talvez ela tenha a informação sobre como construir gasodutos e oleodutos da noite para o dia, com o apoio de naves interplanetárias…
O Premiê britânico, Boris Johnson, por sua vez mencionou que “estamos com a Ucrânia, e vamos defendê-los”. Faltou dizer “de quem”…
Será que vocês percebem algum sentido em tudo isso? Qual a real motivação por detrás do que a mídia retrata…?
O Presidente Putin, por sua vez, reitera com veemência que esse movimento militar é para defender o contingente da população russa no leste ucraniano, e que “de forma alguma, teria qualquer interesse na invasão do país como um todo”. Um aliado histórico.
Russos e ucranianos mantêm relações históricas, culturais, étnicas, genéticas, linguísticas, econômicas, industriais, etc., sempre foram aliados de primeira hora. E assim foram, até 2014, quando se iniciaram os conflitos fratricidas.
Na 2ª Guerra Mundial, chamada pelos russos, ucranianos, bielorrussos, moldavos, cazaques, etc. de “Grande Guerra Patriótica”, pois combateram juntos o 3º Reich sozinhos, sem qualquer apoio do Ocidente, as tropas do Exército Vermelho de todas estas etnias estavam perfiladas.
Há um sem-número de famílias de pais e mães russos e ucranianos vivendo em ambos os países, e espalhados pelo mundo (inclusive no Brasil), e uma análise imediata e superficial de quem quer que seja – especialmente da mídia, através da qual se observa um claro viés contrário a Moscou – deve ser evitada, sob pena de não sermos fiéis aos fatos históricos e contemporâneos.
O conflito iniciado em 2014 não tem nada de natural, e há claros indícios que foi patrocinado por interesses de círculos financeiros ocidentais contrários ao fortalecimento de Moscou, especialmente diante da retomada do crescimento econômico e industrial russo, e da consolidação de uma grande aliança com a China.
Devemos ainda refletir que a OTAN foi formada em uma época passada, quando ainda existia um mundo bipolar, em uma situação completamente distinta da atual. Qual seria a justificativa de ainda existir, considerando que vivemos em um mundo pressupostamente multipolar?
Ponderemos: se vocês vivessem na parte europeia da Rússia (sim, um terço da Rússia é europeia, até os Montes Urais), o que achariam de estarem a 5-10 minutos do alcance de mísseis balísticos lançados do território de um ex-aliado histórico…? Isso é o que poderia ocorrer, caso houvesse uma adesão da Ucrânia à OTAN.
Encaro com tristeza a clara manipulação dos fatos, que só favorecem aos mercados de grande volatilidade, uma vez que todas as commodities tiveram seus preços aumentados, especialmente o petróleo, com a consequente alta internacional do valor do cada vez mais combalido dólar.
Em um momento em que tantos trabalham, assim como nós, pelo desenvolvimento das relações econômicas, comerciais, de investimentos, científicas, tecnológicas, culturais e humanitárias, deveria causar a todos profunda indignação ao observarmos os desdobramentos que estamos vendo neste 24 de fevereiro de 2022.
Decerto, afirmo com absoluta convicção, não foram originados pela Rússia.